segunda-feira, 23 de abril de 2012

HTPC DE 23 A 27/04

Por que o aluno brasileiro aprende tão pouco?


O ensino público brasileiro está de recuperação. Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) indicam que 70% dos alunos das séries avaliadas (quinto e nono anos do ensino fundamental e terceiro do ensino médio) não atingiram níveis de aprendizado considerados adequados em língua portuguesa e matemática. O número mais alarmante está no terceiro ano do ensino médio: apenas 9,8% dos alunos dominam conhecimentos que deveriam saber em matemática.
"Esses dados nos fazem concluir que o grande problema da educação brasileira está no aprendizado. O aluno está na escola, mas não aprende", diz Priscila Cruz, diretora executiva do Movimento Todos Pela Educação. "Nos Estados Unidos, 88% dos alunos possuem um aprendizado adequado. Ou seja, ainda temos um déficit educacional muito grande".
Se a questão central da educação é a aprendizagem, é inevitável perguntar: por que o aluno brasileiro aprende tão pouco? A resposta constitui um mosaico cheio de processos que precisam estar encaixados de maneira eficiente. A peça central, porém, está no docente: um professor qualificado gera qualidade de aprendizagem, que por sua vez gera qualidade na educação. "O professor é o grande ator de uma política educacional de sucesso e o avanço dos índices depende em grande parte do investimento na carreira docente", afirma Célio da Cunha, professor da Universidade de Brasília (UnB) e consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Arthur Fonseca Filho, ex-presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, concorda: "As pessoas mais bem preparadas hoje não procuram a carreira do magistério. Precisamos valorizar a função docente para inverter essa lógica e melhorar a educação". Além de atrair os melhores, é preciso oferecer formação inicial e continuada de qualidade que prepare o mestre para a realidade escolar. "A formação do professor é uma questão estruturante. Sem ela, nenhuma melhora é possível", sentencia Guiomar Namo de Mello, especialista em educação .
Selecionar os melhores profissionais e investir na formação deles provou-se ser uma prática tão eficaz que está no topo das principais lições a serem aprendidas a partir de exemplos bem-sucedidos de modelos educacionais do mundo. O relatório Como os Sistemas de Escolas de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo, elaborado em 2008 pela consultoria americana McKinsey, mostra que na Coreia do Sul os futuros professores do ensino fundamental são recrutados entre a elite dos alunos do ensino médio. Por aqui, boa parte do professorado vem dos piores alunos. A maioria encontra ainda no ensino superior um formação deficitária.
Investimento – Outro foco de discussão no processo de melhoria do ensino são os investimentos. Segundo dados oficiais, o governo federal investiu 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em educação básica em 2008. O número é digno de comemoração, se considerarmos que, em 2003, a cifra era de 3,2%. Apesar do crescimento, o número ainda está distante dos 5% considerados suficientes para sustentar um avanço significativo na educação para os próximos anos.
O gargalo pode estar não apenas no montante destinado ao setor, mas também na administração desses recursos pelos gestores das redes. É papel deles converter a verba em um ambiente propício para a aprendizagem. "Seria uma inconsequência aumentar os recursos sem ampliar nossa capacidade de gestão", diz Priscila Cruz. Mais uma vez, os exemplos internacionais ajudam a mostrar o potencial de investir em uma boa gestão dos recursos. Em Cingapura, onde o índice de analfabetismo atinge 3,7% da população, a seleção de bons gestores passa por uma triagem rigorosa. O selecionados passam por uma formação de seis meses, com direito até a estágio no exterior.
Para auxiliar na tarefa de conscientizar os gestores de sua importância, o Movimento Todos Pela Educação propõe uma lei de responsabilidade educacional. “Não adianta o gestor gastar licitamente o dinheiro destinado à educação sem ofertar um ensino de qualidade para os alunos de sua rede. Mesmo que ele não esteja roubando dinheiro, ele está roubando vidas”, afirma Priscila. "Ele precisa se responsabilizar, e ser punido se necessário, caso os resultados não estejam de acordo com o esperado”.
Professores, gestores, investimento. Essas são apenas algumas das peças que devem construir o grande mosaico da educação no Brasil. Em janeiro, a tarefa de acelerar o ritmo em direção a uma educação básica de qualidade será a assumida por um novo governo. A ele, os especialistas pedem clareza nas metas a serem atingidas e foco para alcançá-las. Para isso, o trabalho coordenado com estados municípios é fundamental, já que a responsabilidade pela administração direta da rede pública de ensino atualmente não cabe ao governo federal. Arthur Fonseca Filho sintetiza: “É preciso que cada instância – federal, estadual e municipal – assuma seu papel no regime de colaboração por uma educação de melhor qualidade”.




Repassamos a pergunta a você professor, na sua opinião porque o aluno brasileiro aprende tão pouco?
 
OBS: Ao terminar seu comentário, favor colocar o seu nome.

12 comentários:

  1. Por mais que este seja um assunto polêmico, devemos concordar em um aspecto: Docentes mais valorizados e bem preparados, maiores investimentos e recursos para a educação e gestores mais bem preparados, são fundamentais para a melhoria da aprendizagem nas escolas brasileiras.
    Infelizmente, por seu uma profissão rejeitada por vários egressoa das universidades,muitos dos professores encontrados nas redes públicas, não possuem formação suficiente para lecionar. Muitas vezes, encontramos engenheiros, tecnólogos, bacharéis e outros profissionais não licenciados atuando como docentes. Muitos deles, não possuem o domínio do próprio conteúdo administrado nas salas de aula.
    Uma escola com mais recursos, professores mais qualificados e melhores gestores certamente será mais atrativa para os alunos e possuirá uma maior capacidade de motívá-los querer aprender.
    Não adianta tomar medidas imediatas e que pretendem maquiar as lacunas deixadas pelo descaso histórico com a educação. Devemos fazer como os países que tornaram-se refer~encias neste aspecto, não copiando suas medidas atuais, mas investindo pesadamente como estes fizeram por anos, para que, a longo prazo, alcancemos nosso objetivo.

    Prof. Valdemir - Ciências

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  2. Como o texto que pôe a dúvida também já responde a chave do problema está no investimento, não há investimento no professor, um professor que já luta para manter a disciplina na sala e que também já vem cansado de uma via sacra de três ou quatro escola em um mesmo dia, como é que esse professor vai chegar com pique para dar uma boa aula, se ele ganhasse o suficiente para dar aula em uma só escola ele não faria isso. Enfim investimento é a palavra


    Marcos Augusto

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  3. Porque o aluno brasileiro aprende tão pouco?

    Parece que todos os comentários olham na mesma direção: Apontam o professor como o grande vilão da Educação.Essas afirmações são revoltantes, mais revoltantes ainda é quando são feitas por professores, que estão todos os dias nas salas de aula e gastam parte de seu tempo chamando atenção de aluno (a) para prestar atenção, para concentrar-se na aula,para que participem, pedindo que parem de conversas paralelas ou que pelo menos faça silêncio em respeito aos que querem te ouvir, que gurdem o celular, o fone de ouvido, outras vezes implorando para que façam as atividades, as pesquisas solicitadas. Em uma classe de quarenta e cinco alunos, quantos realizam pesquisas extra-classe? Pergunto a esses professores que afirmam ser falta de preparo ou mesmo cansaço: Qual o professor que não quer ensinar? Qual professor que não se frusta apos trabalhar um conteúdo com a classe e ao corrigir as provas perceber que seus alunos não atingiram nem o minimo de conhecimento estabelecido?
    Todos os psicologos são unânimes em afirmar que só há aprendizagem se houver interesse do aprendiz. Talvez devessemos perguntar porque os estudantes brasileiros não se interessa em aprender? Será porque está na cultura do brasileiro não valorizar a educação? Para melhor esclarecimentos destas questões surgiro uma leitura da historia da Educação no Brasil e, o perfil sócio-econômico-cultural do povo brasileiro. Talvez após essa leitura os estudiosos da Educação apontem outras causas para responder a pergunta acima e, pricipalmente pensem melhor ao comparar o processo de ensino-aprendizagem a de outros paises.

    Professora
    Maria José
    Mestre em Educação

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  4. Dimas J. R. Faria
    Todos os fatores como: qualificação do professor, salário, material didático, espaço físico do prédio, laboratórios, etc, são fatores importantes na aprendizagem do aluno. Na minha modesta opinião o problema principal está na forma de avaliar e promover os nossos alunos, portanto , se são promovidos com poucos critérios, o terceiro ano que é o final do curso as dificuldades aumetam e eles saem da escola com um, conhecimentos ridiculo e sem base nenhuma para enfrentar o dia dia la fora.

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  5. A grande questão está no sistema educacional do Brasil e de modo especial da SEE. Querem resultados, mas não levam em conta os problemas sociais dos alunos e nem a questão da valorização do profissional da educação. No caso, a categoria de todo o magistério. Pensp qie sem valorizar o professor não será possivel estimulá-lo. Logo ele não consegue ensinar bem e por consequência os alunos não aprendem. Há cada ano o número de professores que se formam diminui assustadoramente. Não há estímulo para trabalhar no ramo portanto, não há interesse em faculdades que graduam licenciaturas. Assim,creio eu, em mais ou menos 20 anos, a crise será tamanha que os governos terão que decretar o fim da educação e do aprendizado. Será?

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    1. O anônimo acima é Marcos A. Vilas Boas. Obrigado.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. A grande questão está no sistema educacional do Brasil e de modo especial da SEE. Querem resultados, mas não levam em conta os problemas sociais dos alunos e nem a questão da valorização do profissional da educação. No caso, além de salários baixos, não há condições de trabalho adequado. Penso que sem valorizar o professor não será possivel estimulá-lo. Logo, ele não consegue ensinar bem e, por consequência, os alunos não aprendem. A cada ano, o número de professores que se formam diminui assustadoramente. Não há estímulo para trabalhar na educação, não há interesse em faculdades que graduam licenciaturas. Assim,creio eu, em mais ou menos 20 anos, a crise será tamanha, que os governos terão que decretar o fim da educação e do aprendizado. Será?

    Marcos Antonio Vilas Boas

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  8. A EDUCAÇÃO DE UM SER HUMANO DEPENDE DE VÁRIOS FATORES : COMO BONS PROFISSIONAIS,SÁLARIOS DIGNOS,ACOMPANHAMENTO FAMILIAR,ESCOLAS COM ESTRUTURA ,SEGURANÇA , LAZERES,SALA DE AULA COM RECURSO PARA DESENVOLVER UMA ATIVIDADE INTERESSANTE ONDE PRENDE ATENÇÃO DOS ALUNOS E COM ISSO FACILITÁRIA SUA APRENDIZAGEM .KÁTIA ARAÚJO.

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  9. Olá Professores, recomendo assistir este vídeo:

    http://charges.uol.com.br/2012/04/24/professor-da-rede-publica-ouro-de-tolo/

    Depois relatem o que acharam
    Maria Jose

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  10. JOSE GONÇALVES DOS SANTOS

    Demorou, mas a verdade começa a ficar clara. Então, agora o vilão é o Ensino Mèdio... Claro é a turma que mais acessa o celular... É a turma que mais tem poder na família, na escola e na sociedade. É a turma que mais se liga no ECA.... É a turma que sabe o que quer e o que não quer.... Portanto, concordo que está mais que na hora de se valorizar o professor, com salário e também com AUTORIDADE. Se isso não acontecer vamos continuar ladeira abaixo. O Ensino Médio zomba e dssdenha o professor... Há excessões, é claro, mas tais excessões servem para confirmar a regra. AUTORIDADE para o professor JÁ!

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  11. O período pré escolar é tão sagrado do ponto de vista neurocientífico, não se pula etapas, cada fase tem a sua peculiaridade, quando o jovem tem uma estimulação adequada em cada período quando chega na fase correspondente tudo fica mais fácil.
    O que vemos no entanto é : A não criação de uma diretriz adequada para a construção de um desenvolvimento pedagógico evolutivo, o não estimulado adequadamente fica comprometido o processo.
    Tudo é por processo, não existe situação de estagnação.
    Agregar o que já foi vivenciado com o que se aprendeu para olhar o futuro, mas onde está o presente....
    profa Paula Mourão Castro

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