segunda-feira, 2 de abril de 2012

HTPC DE 02 A 06/04

"Ouvir o agressor reduziu o bullying"

Professora de Aracaju mostra que aproximar-se do aluno que ameaça os colegas é um caminho para ele mude de atitude.

Caso real
"Eu tinha um aluno que vinha de uma família com problemas de relacionamento. Ele via a agressividade do pai com a mãe e reproduzia tudo aquilo no ambiente escolar", conta Abjan Santos Gomes, professora de Ciências do Colégio de Primeiro e Segundo Grau Governador Augusto Franco, em Aracaju (SE). Esse aluno liderava os casos de bullying naquela turma e, com a ajuda de alguns colegas, agredia, xingava e batia nos mais fracos. “Em um dos casos, ele chegou a ferir um colega até sangrar”, relembra.
Abjan decidiu, então, iniciar ações de combate à violência com a sala. De início, por meio do diálogo, convidou os alunos a refletirem sobre suas próprias ações, com base no tema “aquilo que não quero para mim, não posso ofertar aos outros”. “Meu objetivo era fazer os alunos se colocarem no lugar dos colegas”. Além do debate, a turma também participou de encenações teatrais e produziu cartazes com mensagens que pediam mais respeito para melhorar a convivência na escola.
Mas, na visão da professora, ainda era preciso incluir a família nesse processo. “Muitas vezes, os pais incentivam os filhos a serem violentos, a agredir quando são agredidos”. Ela passou, então, a organizar reuniões quinzenais com os familiares. “Se você não trouxer a família, você não consegue atingir o aluno”, conclui.
Nas primeiras atividades com a turma, o aluno que ameaçava os colegas quase não participou. “Um dia, ele me procurou para dizer sobre as coisas que não gostava. Ouvi e dei importância a ele. Depois disso, ele começou a participar mais, com uma atitude melhor e o comportamento do grupo como um todo melhorou muito”, avalia.
Palavra de especialista
Está claro e é uníssono entre os pesquisadores da área que atos de bullying podem ter causas relacionadas a ambientes familiares agressivos. Justamente por isso, gestores e professores precisam construir na escola um ambiente sócio-moral baseado no respeito e em um relacionamento sadio. “É necessário que a escola pare de culpar as famílias por todos os problemas que enfrenta e busque uma revisão interna sobre a organização do ambiente escolar”, alerta Adriana Ramos, pedagoga e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A própria inclusão das famílias pode ser uma estratégia de combate ao bullying, mas não a única. Toda a escola – incluindo gestores, coordenadores, professores, funcionários, alunos e pais – precisa participar ativamente de processos de manutenção das relações interpessoais na escola. “Um aluno que não tem uma família considerada estruturada ou pais ausentes é justamente aquele que mais precisa de uma escola justa e respeitosa para seu desenvolvimento”, alerta Ramos.
Para a especialista, punir não é o melhor caminho para resolver problemas de bullying entre alunos. E foi exatamente esta a postura da professora Abjan Gomes. “Ela soube se sensibilizar em relação ao agressor, um personagem muitas vezes negligenciado e até tratado como culpado. A professora não julgou o aluno, mas procurou incentivá-lo a reconhecer seus próprios sentimentos”, analisa Adriana.

 Professor, relate se você já presenciou uma ocorrência de bullying na escola, como procedeu e que atitudes de prevenção acha conveniente que sejam tomadas.
 
*OBS: professores, ao terminar seu comentário, por favor coloque seu nome.
 

6 comentários:

  1. Em me lembro de algumas ocorrências de bullying nas 7ª séries do ano passado e deste ano. Por não compreenderem bem sobre o que era obesidade nem de como o organismo lida com a alimentação e o gasto de energia, frequentemente eles zombavam dos alunos que se encontravam acima do peso ou muito abaixo dele. Termos como "comilão", "magricela" era muito usados, e muitas vezes os alunos que zombavam, não compreendiam que estes alunos vítimas muitas vezes tentavam mudar essa situação, mas não conseguiam emagrecer ou engordar com seu esforço.
    Como a disciplina de ciências iria trabalhar e discutir temas relacionados a alimentação, aproveitei para abordar assuntos como metabolismo, sedentarismo, distúrbios alimentares e assim, os aliunos passaram a compreender um pouco melhor que cada organismo tinha um modo particular de agir diante da alimentação ou do exercício e passaram a respeitar mais os colegas e a compreenderem que eles não tinham culpa da situação.
    Acredito, que muitas vezes, o aluno pratica bullying pela falta de informação ou por preconceitos, e nesse âmbito, nós professores podemos ajudar muito.

    Prof. Valdemir

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  2. JOSÉ GONÇALVES DOS SANTOS (2)
    Lindo ! Maravilhoso! Fantástico!. Temos que todo o apoio a iniciativas como essas, que , de fato, fazem parte, do contexto maior da educação. Educação cuida de vidas, e por spi só é muito mais que uma missão, é uma visão de futuro...

    Porém, temos que refletir um pouco mais a respeito disso.... OK. A professora fez o melhor possível... Parabéns (novamente). Mas o que ela fez com o conteúdo ? E os bons alunos que estavam lá para cumprir a missão de aprender, de agregar valor à sua vida? Chegar à escola num patamar de conhecimento e sair no final do período num patamar acima?

    E o que dizer da pedagoga que reivindica minimizar a ação da família? Será que ela faz parte daqueles que já não acreditam mais na família como instituição ? Que perdeu a noção disso ? Será que ela comunga da ideia de que a escola também precisa assumir o papel da família e passe a cuidar da criança deixando de lado a missão educacional, escolar, formadora, contribuído para a formação integral da criança e do adolescente para a vida em sociedade? A escola passaria a ser então a família do adolescente, cabendo aos apenas o papel de reprodutores? Vamos fazer filhos, pois governo, através da escola e dos professores vão cuidar deles pra nós....

    Quem pensa assim, está em conluio com a classe dominante que quer manter o status quo social de deixar tudo como está para que ela continue mandando na sociedade.

    ISSO É UMA GRANDE INJUSTIÇA...

    A escola é para complementar o processo educacional que começa na família. Há, sim que resgatar a família. Há sim que se investir pesado na reconstrução da família... Aceitar, sim, que a família vive um processo de transformação. Aquela família do passado, patriarcal ou matriarcal já não existe mais... Mas de um casal coloca filhos no mundo, precisa cuidar deles.... Que a sociedade repense o processo, repense os fatores, com contrições de ONGs, de igrejas, de todos os seguimentos organizados da sociedade, para repensar a família e repensar também a escola. Os professores de hoje parecem ultrapassados, não tem mais jeito. Então que se mude novamente a LDB, mude a missão da escola.... Se vier algo de cima para baixo, goela a baixo, teremos de aceitar, afinal de contas é o nosso emprego. Então os professores deixarão de ser professores, e serão pagos pela sociedade para serem simplesmente babás....

    Quanto ao trabalho da professora é só elogios.... Mas de quantas Abjans precisaremos


    ERA SÓ O QUE FALTAVA.....

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  3. Sou totalmente contra bullying na escola como em qualquer outro lugar. O Estado deveria se preocupar mais com este tipo de problema, colocando nas escolas pessoas preparadas para enfrentar e resolver este tipo de problema. Sou apenas um professor de Física que tenta passar conhecimentos na minha área.
    Dimas J. R. Faria

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  4. Sou totalmente contra bullying na escola como em qualquer outro lugar. O Estado deveria se preocupar mais com este tipo de problema, colocando nas escolas pessoas preparadas para enfrentar e resolver este tipo de problema. Sou apenas um professor de Física que tenta passar conhecimentos na minha área.

    Dimas J.R. FAria

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  5. A iniciativa da professora Abjan é louvável, pois olhar o aluno e enxergá-lo como ser humano, respeitando e amando-o é o caminho pra resgatá-lo e fazer dele um verdadeiro cidadão.
    Não podemos, porém, esquecer o verdadeiro papel da escola: formar cidadãos conscientes, ou seja, politizados, sem negligenciar o conteúdo necessário para que ele tenha a base pra seguir com seus estudos acadêmicos.
    Olhando nossa realidade e o que falei acima não passa de uma utopia, mas para que serve a "utopia"...?
    Ressalto aqui a crítica feita pelo professor José Gonçalves e o parabenizo por suas palavras, pois a família não pode negligenciar seu papel na educação de seus filhos e a escola não pode trocar sua missão, assumindo o papel da família.

    Antonio Jose Maia

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  6. O fato relatado pela professora no tópico é sem dúvida uma grande iniciativa para combater todo e qualquer ato de desrespeito e humilhação. Penso que a família é o melhor caminho para tratar qualquer distúrbio de comportamento que envolva o educando. No entanto, é preciso que haja condições para chegar até à família. O fato é que a família não participa ou quando participa, é muito pouco da escola. Assim, cabe ressaltar que em anbientes escolares onde a família não é coadjuvante não terá sucesso. Não basta ter uma boa idéia. Será apenas uma boa idéia que estará fadada ao fracasso. Terá que ser emcampada pelo coletivo a saber: gestão escolar e corpo docente aliado aos pais. Um outro importante ítem é que se a comunidade não toma posse da escola, ela sempre será um mero depósito qualquer. Mas, se a familia for integrada e assim, tendo acesso a escola ao menos uma vez por semana, isso vai criando um vínculo afetivo e automaticamente a comunidade entende como se fosse dela a escola. Perceba, a comunidade não entende a escola como se fosse dela. Esse é o grande problema. Quando o lugar é nosso, nós cuidamos dele e de tudo o que está dentro dele, inclusive as pessoas, no caso OS ALUNOS. Isso não é incrível? Imagine um ambiente onde todos cuidam de todos porque todos são de todos. Uma coisa eu tenho certeza: num ambiente assim, não haveria qualquer tipo de violência nem roubo e muito menos bulliyng.
    Marcos A. Vilas Boas

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