segunda-feira, 19 de março de 2012

HTPC DA SEMANA DE 19 A 23 DE MARÇO.

Entrevista com Lee Sing Kong, diretor do Instituto Nacional de Educação de Cingapura

Diretor do organismo que prepara docentes e gestores de Cingapura revela como essa ilha construiu um dos sistemas educacionais mais eficientes e elogiados do mundo

Quando declarou sua independência da Inglaterra, há 55 anos, a Educação de Cingapura tinha problemas tão grandes que só podiam ser comparados à pífia situação financeira da pequena ilha no Sudeste Asiático. A taxa de analfabetismo e o nível de desemprego eram alarmantes e não havia recursos naturais a ser explorados para ativar o crescimento econômico. "O capital humano era nossa única riqueza. O governo percebeu que era preciso melhorar a qualidade do ensino para que as pessoas pudessem desenvolver habilidades e ser integradas ao mercado de trabalho", conta Lee Sing Kong, diretor do Instituto Nacional de Educação de Cingapura. O organismo é responsável pela formação dos professores no país, atualmente com cerca de 5 milhões de habitantes. 

Desde então, os gastos com Educação não são encarados como custos, e sim como um investimento prioritário. Os resultados dessa medida podem ser observados em muitas áreas. Nos anos 1970, por exemplo, a cidade-estado começou a atrair diversas multinacionais, já que oferecia baixos custos salariais aliados a uma mão de obra qualificada por uma Educação de reconhecimento internacional. Em entrevista a NOVA ESCOLA, durante visita a São Paulo, Lee falou sobre outros avanços trazidos pela ênfase dada ao ensino e defendeu a valorização do educador como condição para o desenvolvimento individual dos estudantes e do país. 

Quais foram as primeiras ações implementadas para reverter a situação precária que predominava havia meio século na Educação de Cingapura?
LEE SING KONG 
No início, foi importante garantir para toda a população uma base sólida de letramento e fundamentos matemáticos. Também foi crucial montar um currículo nacional que realmente priorizasse as habilidades necessárias para o posterior ingresso no mercado de trabalho e atuar com empenho para reverter o abandono escolar. Quase 10% dos alunos paravam de estudar antes de concluir o Ensino Fundamental e precisávamos reduzir isso porque, em uma população pequena, cada estudante é um recurso precioso. Mas o maior desafio mesmo foi a formação dos professores, que tinham de estar aptos a alfabetizar a todos plenamente. 

Como isso foi feito?
LEE 
Nós nos direcionamos pelas circunstâncias que encontramos, visando o progresso que a nação almejava. Em qualquer reforma educacional, há uma série de condições para o sucesso e uma delas é a Educação dos próprios educadores. Formamos uma geração de profissionais que acredita que toda criança pode aprender. Tudo depende de uma abordagem correta. Eles se tornaram aptos a compreender os diferentes perfis de aprendizado dos alunos para, assim, adotar a ferramenta mais apropriada. 

Cingapura possui uma população de 5 milhões de habitantes, enquanto a do Brasil é de 190 milhões. Mas enfrentamos o abandono escolar e a falta de formação dos educadores como seu país. É possível adotar aqui as mesmas práticas de lá e esperar resultados semelhantes?
LEE 
Não dá para transportar um modelo de um lugar para o outro porque as circunstâncias, as culturas e as situações são muito diferentes. No entanto, boas lições sempre podem ser aprendidas com as experiências positivas de outras partes do mundo. Cingapura tem um sistema educacional pequeno, compacto. Conseguimos evoluir e atingir um bom patamar porque pegamos os aprendizados dos outros países e realizamos as adaptações necessárias. Uma boa prática a ser seguida é o planejamento. Primeiro, deve-se perguntar o que se quer da Educação em seis, dez ou 12 anos e com base nisso direcionar o currículo para que o objetivo seja alcançado.


Agora é sua vez professor, cite estratégias e melhorias que ao seu ponto de vista poderiam ser implantadas no sistema educacional brasileiro. O que deve ser mudado e o que deve ser mantido, e de que forma proceder com essas mudanças de maneira viável.
 
 
OBS: professor, ao terminar seu comentario, por favor coloque seu nome.

6 comentários:

  1. Não precisamos dizer mas nada, mas só o que está no inicio do texto " O governo percebeu que era preciso melhorar a qualidade de ensino para que as pessoas pudessem desenvolver habilides e serem integradas ao mercado de trabalho". Admiro a coragem do sr.Lee sing, pois os nossos governantes não percebem tal coisa. A escola nada mais é que um tramplim político.
    É claro que as questões populacionais, a cultura do povo latino também não contribuem para uma mudança educacional sustentável, como um todo

    Marcos Augusto Garcia Ramos

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  2. A complexibilidade de melhorar a educação em relação a Cingapura, começa pelo fato do Brasil ser 38 vezes mais populacional.
    O ponto positivo a favor do sucesso deles é que levaram em conta o capital humano, como fator importante para o sucesso na educação ( professor e aluno ). Não basta apenas enviar materiais didáticos para as escolas. Quando o estado investir melhor nos professores, remunerando de forma digna e o mesmo não ter que trabalhar em três períodos para sobreviver, tenho certeza que a educação terá dado um grande passo para o sucesso.

    Dimas J. R. Faria

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  3. O que foi feito pelas autoridades de Cingapura vem de encontro com minhas idéias, as quais venho acalentando de há muito tempo, desde que me dei por gente no sistema educacional, que é a valorização do professor. A chave da questão está no grande evento do neoliberalismo, em que as lideranças mundiais da época, Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Francois Miterrand, em reunião em Wanshington, numa data perdida nos anos 60, resolveram implantar o Neoliberalismo, que tem por base a ausência total do Estado (poder)na vida econômica dos países. Essa política resultou nos anos seguintes No brutal processo de destatização, com as vendas do patrimônio público para o setor privado. Paralelamente outtas ações foram implantadas, como a massificação da opinião pública pelos meios de comunicação e o definhamento do sistema educacional, a partir de algumas premissas, tais como a democratização do ensino, extremamente necessário, e o ataque à autoestima do professor com a diminuição dramática de seu salário, conjugado com o aumento da pressão por resultados. Deu no que deu... sistema falido, professores desanimados, doentes, stressados, inseguros, mal pagos.... Deve-se reconhecer que a estratégia deu certo, pois no fundo o que se queria mesmo era a formação de uma sociedade despolitizada, ignorante, massificada, dominada pelo consumismo, enquanto que por outro lado, o caminho estava aberto para a perpetuação do dominio social e do poder pela elite econômica, justamente aquela que financia o esquema político vigente no pais. Outra agravante é a questão da formação da elite em escolas particulares de alto padrão que estudará nas universidades públicas, mantidas pelas verbas oriundas da sociedade (ricos e pobres, que, na verdade, porser ignóbil, não sabe do sistema e se diverte com os grandes programas televisivos alienantes. Este é o quadro. Então, o exemplo de Cingapura é extremamente relevante, pois parte do princípio fundamental que é a valorização do professor. O caminho é esse.... valorizar o professor, fazê-lo reconhecido e principalmente capaz de se atualizar tecnologicamente para poder acompanhar a velocidade de seus alunos. Nesse sentido, sim, podemos acreditar na melhoria da relação professor-aluno tendo como parâmetro a relação amorosa, respeitadora, dignificadora, tanto para o professor quanto para o aluno. Agora, enquanto o professor estiver inseguro, preocupado com o seu bolso.... o Consenso de Washington continuará nadando de braçada. Que Deus abençoe a Educação de Cingapura e... se tiver tempo, que dê uma olhadinha para nós...

    Postou JOSE GONÇALVES DOS SANTOS

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  4. Valorizar a educação é o caminho para melhorar a sociedade. Ressalto que essa valorização não é somente investir em estruturas físicas, mas deve investir principalmente na formação das pessoas que trabalham com a educação, proporcionando salários dignos da categoria e na formação continuada do professor.
    Antônio José Maia

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  5. Priorisar a educação é a base de tudo para melhorar o ensino que hoje encontra em uma situação lastimável de desanimo por parte da classe. MESMO COM TODAS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NO PERCURSO EM RELAÇÕES AOS NOSSOS ALUNOS NÃO PODEMOS DEIXAR DE MENCIONAR QUE AINDA ACREDITAMOS NA EDUCAÇÃO COMO MUDANÇA. KATIA ARAÚJO

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  6. A valorização dos profissionais de educação é sim um ponto chave para o sucesso da educação no país, e claramente uma melhor remuneração reflete até mesmo na auto-estima do profissional e em sua dedicação a carreira. Mas outro ponto chave que vale salientar, é a visão que devemos ter do poder transformador da educação e da capacidade de nossos alunos aprenderem. Os professores (eu me incluo) precisam de um melhor preparo para saber lidar com as diferenças de aprendizado de cada aluno e precisa acreditar que cada ser humano que frequenta suas aulas, tem um grande potencial para ensinar e aprender. Os alunos precisam ser reconhecidos como pessoas, cidadãos que também necessitam de motivação para seguir com suas vidas e buscar uma transformação positiva de sua realidade e da realidade de nosso país. precisamos entender que esse "capital humano" que estamos formando, são os que tem o potencial para mudar a trajetória da nossa sociedade, e que se nossas lutas particulares em prol da classe falhares, são neles que temos que investir... Um médico, ganhando muito ou pouco, tem a obrigação de salvar vidas... Nós, deveríamos também ser levados a acreditar, que com bons salários, ou não, com condições precárias ou não, temos em nossas mãos a responsabilidade de lutar pela educação intelectual e pessoal de nossos alunos, da melhor forma que poderíamos. Afinal, devemos ser os primeiros a valorizar os nossos alunos e nos valorizar, senão no futuro, eles não terão em nós nenhum exemplo ou admiração para quererem lutar a nosso favor...

    Professor Valdemir

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