segunda-feira, 12 de março de 2012

3º HTPC DA SEMANA DE 12 A 16/03.


COLEGAS SEGUE ABAIXO UM TEXTO SOBRE A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO, A NOSSA
SUGESTÃO É DISCUTIR COM OS PROFESSORES SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DELES SOBRE A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO. Após leitura clicar em COMENTÁRIOS e postar sua opinião sobre o texto e demais considerações.

Um nova relação professor-aluno.
Por Paulo Sérgio Garcia

RESUMO
Este artigo procura discutir a relação entre o professor e o aluno nos diversos períodos da história da educação apontando as problemáticas que existem, e, procura, ainda, mostrar uma nova visão do professor e sua relação com seus os alunos.
A relação professor e aluno
Segundo SEABRA (1994), a escola tem sido, durante anos, um local que se identificou com o trabalho, que em nossa sociedade nada tem a ver com prazer. Assim, o lúdico, o colorido, o mágico,  não fazem parte desta organização que é, por natureza, séria e não admite brincadeiras. Mas é esta a escola que tem marginalizado tantos alunos que estamos buscando, procurando para o próximo século? Não deverá ser a escola um local de prazer para os alunos, onde eles possam experimentar diferentes formas de conhecimento na relação com seus mestres?
As estatísticas sobre a evasão escolar, segundo a UNICEF (1992), estão nos mostrando que devemos seguir o caminho oposto. No Brasil, somente 22% das crianças matriculadas na 1ª série chegam a finalizar, terminar o 1º grau, de acordo com os dados de 1985 a 1987.
A relação professor e aluno tem acontecido sob este contexto sério, pseudo-organizado, direcionado, sistematizado pelo mundo dos adultos, que, em muitos casos, entra em choque com a realidade lúdica das crianças.
A postura do professor em relação ao aluno, neste contexto sério de modelo racional, caracteriza-se por duas fases bem distintas que podemos chamar de seleção e exposição. Na primeira etapa o professor seleciona o conteúdo, organiza e sistematiza didaticamente para facilitar o aprendizado dos alunos. Depois disso, a próxima fase é a de exposição, quando o professor fará a demonstração dos seus conteúdos. Neste modelo é exatamente neste ponto que termina a atividade do professor, o que irá ocorrer daí para frente dentro do aluno não é problema dele, o aluno que memorize as informações que ele, dono absoluto do conhecimento, exigirá de volta nas provas. Aliás, parece-nos que o professor gasta muito de seu tempo em sala de aula com mecanismos de controle, tais como: prova, chamada oral, controle de atividades, etc..
Em outras palavras, antes dos alunos chegarem à escola de volta das férias, por exemplo, o professor planeja suas atividades para as quais o livro didático é seu principal apoio; já na segunda fase, no contato direto com os alunos, ele faz a apresentação do conteúdo para o aluno, onde o giz, a lousa e o trabalho individual são suas ferramentas básicas para que eles possam memorizar seus conteúdos programáticos.
A analise de MIZUKAMI (1986), sobre a relação professor e aluno, pode definir com maior profundidade e abrangência o colapso deste tema. A autora divide os diversos períodos da história da educação em abordagens, e nos mostra que na abordagem tradicional esta relação é vertical e o mestre ocupa o centro de todo o processo, cumprindo objetivos selecionados pela escola e pela sociedade. O professor comanda todas as ações da sala de aula e sua postura está intimamente ligada à transmissão de conteúdos. Ao aluno, neste contexto, era reservado o direito de aprender sem qualquer questionamento, através da repetição e automatização de forma racional. (p.14-15)
SAVIANI (1991), referindo-se à relação professor e aluno, na escola tradicional, mostra-nos que o professor:
"transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes são transmitidos. (p. 18)
Ainda sob esta perspectiva, o aluno para ter acesso ao conhecimento tinha de passar pelo professor, que era quem mediava a relação. Assim, o professor controlava todas as ações exigindo dos alunos obediência que, por outro lado, era também exigida na empresa ou na indústria. Desta forma, pensar, questionar era coisa do chefe ou do dono da empresa.
Dentro da abordagem comportamentalista, segundo MIZUKAMI (1986), o professor é um planejador do ensino e da aprendizagem que trabalha no sentido de dar maior produtividade, eficiência e eficácia ao processo, maximizando o desempenho do aluno. O professor, como um analista do processo, procurava criar ambientes favoráveis de forma a aumentar a chance de repetição das respostas aprendidas. (p.31-32)
Segundo SAVIANI (1991), neste contexto:
" o elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, ocupando o professor e aluno posição secundária, relegados que são a condições de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos e imparciais."(p. 24)

Passando para a abordagem humanista, MIZUKAMI (1986), assim se refere:
"As qualidades do professor (facilitador) podem ser sintetizadas em autenticidade, compreensão empática - compreensão da conduta do outro a partir do referencial desse outro - e o apreço (aceitação e confiança em relação ao aluno)." (p.53)

O professor como facilitador da aprendizagem, aberto às novas experiências, procura compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tenta levá-los à auto-realização. A responsabilidade da aprendizagem (objetivos) fica também ligada ao aluno, àquilo que é mais significativo para ele, e deve ser facilitada pelo professor. Portanto, o processo de ensino depende da capacidade individual de cada professor, de sua aceitação e compreensão e do relacionamento com seus alunos.
Na abordagem cognitivista, a mesma autora, coloca que o professor atua investigando, pesquisando, orientando e criando ambientes que favoreçam a troca e cooperação. Ele deve criar desequilíbrios e desafios sem nunca oferecer aos alunos a solução pronta. Em sua convivência com alunos, o professor deve observar e analisar o comportamento deles e tratá-los de acordo com suas características peculiares dentro de sua fase de evolução. (p.77-78)
Piaget aparece como o principal nome na abordagem cognitivista, que desloca o foco da passividade do aluno em relação à informação. O professor passa a criar o cenário necessário, pensando no estágio de desenvolvimento em que o aluno se encontra, para que o aluno possa explorar o ambiente de forma predominantemente ativa. Neste ponto, o aluno não é um ser que recebe a informação passivamente, ele deverá experimentar racionalmente atividades de classificação, seriação e atividades hipotéticas. Assim, o professor sempre oferecerá ao aluno situações problemas que tragam a eles a necessidade de investigar, pensar, racionalizar a questão e construir uma resposta satisfatória.
Na abordagem sócio-cultural, MIZUKAMI (1986) afirma que a relação entre o mestre e o aprendiz é horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. Neste processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador procurando levar o aluno à consciência, desmistificando a ideologia dominante, valorizando a linguagem e a cultura. (p.99)
Nesta abordagem, o diálogo marca a participação dos alunos juntamente com os professores. Os estudantes são partes do processo de aprendizagem que procura enfatizar a cooperação e o trabalho coletivo na resolução dos problemas sociais.
Muito se tem investigado sobre a relação entre o professor e o aluno no últimos tempos. Cunha (1994) em seu estudo sobre "o bom professor", investiga o dia-a-dia do professor como indivíduo e como educador, analisa, também, sua prática e metodologia e, a partir de uma caracterização deste profissional, propõe novas direções para a formação dos professores e para os cursos de magistério. Ainda segundo sua análise, a relação professor e aluno passa pela forma com que o professor trabalha seus conteúdos, pela forma com que ele se relaciona com sua área de conhecimento, por sua satisfação em ensinar e por sua metodologia. (p.70-71).
 O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expressado pela forma de relação que ele tem com a sociedade e com cultura, e segundo ABREU & MASETTO (1990):

"é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos. O modo de agir do professor em sala de aula fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade."(p.115)

A relação entre professor e aluno deve acontecer num clima que facilite ao aluno aprender. Para facilitar o aprendizado do aluno, os professores, segundo os mesmos autores, devem ter algumas qualidades bem desenvolvidas, que são: "autenticidade", "apreço ao aprendiz" e "compreensão empática".
ABREU & MASETTO (1990), citam, também, alguns comportamentos para o estabelecimento de um clima facilitador de aprendizagem para o aluno. Assim, o professor:
"1. Favorece situações em classe nas quais o aluno se sente à vontade para expressar seus sentimentos.
2. Faz com que a composição dos grupos de estudo varie no decorrer do curso.
3. Tenta evitar que poucos alunos monopolizem a discussão.
4. Compartilha com a classe na busca de soluções para problemas surgidos com o próprio professor, como o curso ou entre alunos.
5. Expressa aprovação pelo aluno que ajuda colegas a atingirem os objetivos do curso.
6. Respeita e faz respeitar diferenças de opinião, desde que sejam opiniões bem fundamentadas.
7. Expressa aprovação pelo aluno que toma iniciativa, desde que estas contribuam para o crescimento da classe.
8. Usa vocabulário que é claramente compreendido pelo aluno."(p.120)

A análise, até o presente momento, indica que a relação entre o professor e o aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir no nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica, também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, buscou educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo das crianças e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e cônscio de suas responsabilidades sociais.
Professor,  socialize aqui suas experiências de sala de aula, desafios e dificuldades encontradas em sua prática pedagógica.





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5 comentários:

  1. Legal, eis a receita pra resolvermos os desvios da educação. Não é o que o governo fala, que o problema está no professor? Então, como o texto mostra, é só melhorar a relação professor-aluno que tudo se resolve. AH, AH AH

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  2. COMENTARIO DO TEXTO DO BLOG

    Considero este texto uma espécie de revisão histórico-pedagógica da relação professor-aluno nas diversas fases da História da Educação, fazendo coro com a sua nota introdutória. Porém, é um texto anacrônico, isto é, ultrapassado, nada tendo a ver com o que acontece hoje no íntimo das salas de aula. Tem, sim, sua utilidade como referência histórica, mas em nada contribui no presente... ou só contribui no sentido mesmo de uma comparação. Atualmente a realidade é muito diferente, pois está sob o apanágio da tecnologia, à qual os alunos têm acesso, com muito mais facilidade que o professor. Este não pode abrir mão de um mínimo de dignidade que adveio dos longos anos de estudos e de sua carreira profissional extremamente atribulada pelos desmandos governamentais que sempre visam minar a sua resistência, com as alterações legais imprevisíveis. O professor tem, sim, que prevalecer na sua sala, na sua aula. Mas isso está muito longe de acontecer. Quer queira, quer não, a sala de aula se transformou num território de ninguém. A tecnologia da informação (e da comunicação) faz do aluno um ser preponderante na sala de aula. E como dialogar com esse aluno que olha nos seus olhos, porém com os fones de ouvido está embalado por uma música de qualidade discutível e num volume incompatível com a capacidade humana de ouvir. Ele olha p’ra você e não o vê e não o ouve, pois está distante, alienado. O professor passa a ser o “bobo da corte” (isso para não aprofundar o assunto). Impossível o diálogo, o contrato pedagógico. Além disso, esses malfadados aparelhinhos de alto poder de atração e dominação ocupam as mãos e os cérebros de nossos infelizes alunos, que alguns “entendidos” dizem pertencerem à geração “Y” ou “3G”. Agregue-se a isso os “Cadernos dos Alunos”, mesmo com os recadinhos de que são apenas sugestões de atividades pedagógicas, mas que são cobrados nos Planos de Ensino. As soluções, entre tantas, passam pelo resgate definitivo da autoridade do professor na sala de aula, pois com isso os alunos passam a ter novamente referências de vida, de cultura e sabedoria, não que o professor vá impor isso a seus alunos, e envolver os pais, se é que ainda possa existir pais na verdadeira acepção do termo, pois parece que hoje, graças ao empoderamento dos jovens, protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pelas “Bolsas Sociais”, quem canta de galo em casa são eles mesmos. E os resultados estão aí...
    1) Fracasso da relação professor-aluno...
    2) Baixa da autoestima e desânimo do professor...
    3) Índices pífios nas avaliações globais

    Por fim, seria bom que esses pedagogos de carteirinha, bons e clássicos escritores, deixassem sua zona de conforto de seus ricos escritórios e bibliotecas e se candidatassem a umas aulinhas como “Eventual” em nossas escolas (Eu mesmo me prontificaria a umas faltinhas para esse fim). Quem sabe assim assumiriam de vez que suas teorias estão longe da realidade e que devem ocupar um lugar de destaque num museu de história da Educação.

    Escreveu... JOSE GONÇALVES DOS SANTOS

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    1. Maria José
      Concordo plenamente com o meu colega José Gonçalves. O texto serve apenas como referência histórica.
      Certamente esse artigo foi escrito em uma época que não tinha tecnologia na palma da mão dos alunos; não tinha o Eca;não tinha tantas familias desetruturadas; não tinha tantos gestores omissos com relação a falta de respeito na relação professor-aluno, não tinha tanto entorpecente ao alcance das crianças. enfim não tinha tanta violência de alunos contra o professor. Neste domingo dia 18/03 abri a pagina do IG e fiquei chocada com tanta noticias de agressão de alunos e até de mãe de aluno contra professor. Fiquei me perguntando: Porquê? Apos ler este texto achei a resposta: O professor é agredido porque quer atenção e compromisso do aluno com a sua aprendizagem. Ou seja, quer cumprir a qualquer preço o seu "Contrato Pedagógico".

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  3. Não sei... Sou formado nessa nova escola pedagógica, que visa estabelecer com os alunos, não uma relação vertical, mas horizontal.
    Sei que muitas vezes, buscamos este lugar de autoridade dentro da sala de aula, mas acho que muitas vezes somos hipócritas, quando em reuniões e HTPC's, nem nós mesmos respeitamos a autoridade do corpo gestor e mantemos uma postura comportada, sem conversar paralelas.
    Creio que nós professores, temos que começar a refletir no que significa essa "autoridade" e "respeito".
    Ter "respeito", não é ter "medo"... Ter autoridade, não é ser um tirano. Os alunos são pessoas, cada qual com suas experiências e vivências. Minhas aulas, são quase todas baseadas nos conhecimentos prévios que os alunos já detém. Meu caminho, é somente guiá-los por um caminho de pensamento mais crítico e próximo da ciências, minha disciplina. Pouco eu acrescento ao que os alunos já sabem, brinco muito, trago suas emoções, pensamentos, e desejos para as aulas. Ouço seus anseios e planos, e deixo que eles mesmos tentem construir suas aprendizagens significativas, para que o conteúdo ministrado, não ganhe uma posição de insignificante, mas esforço-me para que eles utilizem-no como ferramenta transformadora de suas vidas.
    Reclamamos do governo, dos pais, dos alunos, mas onde está nossa postura crítica em relação a nós mesmos. Somos cidadãos exemplares para nossos alunos? Temos ética, moral, não dirigimos bêbados, amamos ao próximo? Fazemos nosso trabalho bem-feito apesar de estarmos ganhando pouco? Ou então, como poderemos cobrar eles a fazerem suas tarefas e atividades, sem ganhar nada por isso ou sem ter perspectivas de valores ou auto-estima nenhuma?
    Seremos apenas mais alguns a desvalorizar nossos alunos como pessoas? Eles já não vivem em um mundo completamente hostil?
    Infelizmente, nesse mundo em que estamos vivendo, ser professor tem que ser mais uma profissão de amor... Se não, estaremos destruindo vidas ao invés de construí-las... E isto começa pela humildade de pensarmos: Não somos cidadãos perfeitos, temos muito a aprender com nossos jovens também.
    Se os idealistas morrerem, os sonhos morrem, e a conformidade tomará conta da nossa sociedade, num tempo em que se faz mais que necessário, formarmos cidadão com vontade de mudar o mundo que já beira o caos.

    Professor Valdemir

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  4. COMENTÁRIO DE KÁTIA ARAÚJO

    A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO, MUDA DE ACORDO COM A CONCEPÇÃO ADOTADA PELA REDE DE EDUCAÇÃO E INDO DE ACORDO TAMBÉM COM O CIDADÃO QUE O SISTEMA QUER CRIAR, CRIANDO LEIS , CURRICULOS QUE SE ADEQUAM A TAL, E O PROFESSOR QUE DEVERIA ESTAR NO TOPO DA PIRÂMIDE EDUCACIONAL E PROPOR LEIS E MUDANÇAS AO SISTEMA SE SUBMETE A ESTE APENAS ACEITANDO, RECLAMANDO MUITO E SE STRESSANDO MAIS DO QUE PODE, HOJE O GIZ COMPETE COM O PHONE, CELULAR COM LIVROS DIDÁTICOS, E PARAFRASEANDO RENATO RUSSO, DEVERIAMOS COMPOR QUE ALUNO SERÁ ESSE?.
    Por: Katia Araujo.

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